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The Middle Way

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14 de Março, 2018

ZZzzzZZ ou a importância do sono

JR

Lamentavelmente, perdi muitas horas de sono.

Na verdade, sempre fui daquelas pessoas que trabalham pela noite fora. Aproveitei bem os meus anos de faculdade, saindo pela noite de Coimbra na expectativa de me cruzar com belas serenatas à luz da lua. Noitadas de estudo nas cantinas ou bibliotecas eram uma constante na época de exames. Mas, nessa altura, compensava com manhãs inteiras de sono despreocupado.

 

Chega o dia em que começamos a trabalhar. Horários para cumprir. Noites de urgência. Dias de folga fictícios. 24-36 horas de sonos irregulares e intermitentes.

 

Por fim, a maternidade. Sonos até ao meio-dia passam a ser uma miragem, um delírio das mentes cansadas. É nesta altura que começamos a olhar para trás com algum arrependimento: tantas horinhas de cama deitadas pela janela.

 

 

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O sono é essencial ao ser humano.

Um adulto necessita de 7.5 - 8 horas de sono diárias. Curiosamente, alguns estudos concluíram que dormir menos de 4 ou mais de 9 horas por dia (de forma regular) aumenta o risco de morte por doença cérebro-cardiovascular e cancro. Cada vez mais me convenço que, em tudo, o segredo reside no meio-termo.

 

Mas, quais são as funções exactas do sono? 

Bom, ainda são um mistério. Algumas teorias têm sido propostas, das quais destaco:

 

- Renovação celular (principalmente de células cerebrais).

- Facilitação na remoção de agentes tóxicos do SNC.

- Consolidação da memória.

- Manutenção da integridade da complexa rede neuronal.

- Termoregulação.

- Expressão genética.

 

O que sabemos, mais concretamente, são os efeitos (nefastos) da privação de sono.

 

- aumento da tensão arterial;

- aumento dos níveis séricos de cortisol;

- aumento do apetite;

- aumentos dos mediadores pró-inflamatórios e do stress oxidativo;

- menor capacidade na execussão de tarefas motoras;

- aumento dos níveis de ansiedade e agressão;

 

A longo prazo, estas alterações podem traduzir-se em distúrbios/doenças conhecidas: obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio, AVC, doença de Alzheimer, depressão...

Doenças que, apesar da predisposição genética, têm uma inquestionável base comportamental. E que andam, muitas vezes, de mãos dadas. 

Por outro lado, o cansaço crónico associa-se a uma elevada sonolência diurna que, por sua vez, tem várias consequências: menor produtividade e desempenho profissional, menor interacção social, maior risco de acidentes, menor qualidade de vida.

 

Tudo isto ganha, logicamente, uma importância redobrada quando falamos no sono das crianças e dos adolescentes. É essencial ao seu desenvolvimento cognitivo.

 

 

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Esta é, sem dúvida, uma das coisas que tento mudar no meu dia-a-dia. DORMIR. Na verdade, parece simples e ao nosso alcance, mas os hábitos enraizados podem ser difíceis de mudar. Difíceis, mas não impossíveis.

 

E, com isto, faz-se tarde...!

 

Lights off. Good night.

 

 

 

Referências:

Bradley's Neurology in Clinical Practice, 102, 1615-1685.e7

- Sleep deprivation and circadian disruption. Stress, allostasis and allostatic load; Bruce S. et al; Sleep Med Clin 10 (2015)

- Positive affect and sleep: a systematic review; Anthony D. Ong et al; Sleep Medicine Reviews 35 (2017) 21e32

 

 

 

 

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