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The Middle Way

The Middle Way

22 de Setembro, 2021

O renascimento do The Middle Way

JR

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Sempre sonhei mudar o mundo. Em criança, imaginava-me de mochila às costas, mundo fora, saltando de projecto em projecto, ajudando aqui e acolá. Bem se diz que ajudar o outro tem o seu "quê" de egoísmo entranhado. Faz-nos bem. Sentimo-nos bem. Quero acreditar que o ser humano tem, intrinsecamente, um fundo bom.

Quando era mais nova, dizia que queria ser jornalista e escritora. Acabei por seguir Medicina, que abracei de alma e coração. Iniciei o meu percurso na Cirurgia Pediátrica, rodeada por crianças. Facilmente me viciei: no mundo pediátrico e na cirurgia. A vida numa enfermaria pediátrica ensinou-me duas coisas sobre as crianças: a sua imensa resiliência e a felicidade simples, inata. Sem dor, as crianças querem é brincar. Enfrentam os problemas e obstáculos sem grandes especulações. Vivem no momento, não estão presas ao passado e não antecipam o futuro de forma consistente. Encontram conforto em pequenas coisas.

Imaginei, então, que o meu futuro seria operar crianças pelo mundo fora.

Em 2016, nasceu a minha Helena, uma menina incrível, ternurenta, sensível e curiosa. Nasceu com uma doença rara hereditária, Fibrose Quística. Pesando vários factores, decidi abandonar a vida hospitalar e seguir um percurso alternativo pela Saúde Pública. Dediquei-me, durante dois anos, em exclusivo à minha filha. Depois, aos poucos, ela foi ganhando asas. Em 2019, nasceu o Lucas, o meu furacão de meiguice irrequieto. Encheram-me os dias. Literalmente.

O meu percurso pela Saúde Púbica tem sido aos soluços. Durante muito tempo parece que perdi a minha identidade. Sempre senti necessidade de me justificar, de explicar porque é que estava em casa a cuidar dos meus filhos como se ser apenas mãe, de alguma forma, me diminuísse.

Ser mãe tem sido a tarefa mais difícil da minha vida. Sinto frequentemente que acerto em cheio e falho redondamente. Tudo no mesmo dia. Olho para as coisas de forma diferente. A convivência com uma doença que, de certa forma, foge do meu controlo, levou-me a olhar à volta e questionar-me: o que é que está ao meu alcance? O que posso fazer para garantir que esta criança atinge o seu potencial máximo de saúde e, ao mesmo tempo, é simplesmente.feliz.? Feliz, mesmo quando as coisas não correm da melhor maneira. Um feliz real. Resiliente. Tranquilo. E, apesar de continuar a ser o meu principal dilema, esta questão transbordou para tudo e todos à minha volta. Até para mim mesma. Levou-me a olhar para todas as ferramentas disponíveis, para o mundo. Para a nutrição, para o meio ambiente, para a saúde mental, para o desenvolvimento infantil, para a saúde materna, para a educação e literacia. Esta busca incessante tem sido a minha força motriz.

Talvez tenha chegado onde deveria estar.

Apercebi-me, então, que ao ser apenas mãe já estou a mudar o mundo. O papel de qualquer cuidador é essencial. Podemos transmitir saberes, valores, ideais. Melhoramo-nos, continuamente, para sermos o exemplo daquilo que queremos ensinar. Falhamos. Aprendemos. Acertamos.

O TMW pretende ser um local de partilha, pessoal e amplamente subjectivo. É um afirmar orgulhoso do meu papel de mãe, do percurso, pesquisas e divagações que ele me tem proporcionado.

Conversem comigo. Partilhem as vossas histórias. Muitas das acções são inspiradas (e inspiradoras).

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